
Prometo que não vou colocar frases de efeito de algum filósofo aqui, portanto, não vejo como tarefa fácil dizer “quem sou eu”, como muitas pessoas acham. Deixem as frases de efeito para a galerinha da micareta, lá do Orkut; aquelas que escrevem com um centena de cores e “aDoRauM IxcrevÊêeh axim”. Deixar alguém que viveu séculos antes de mim, dizer quem sou eu? Vá de retro!
Descobri o prazer por escrever a pouquíssimo tempo (obrigado, Sophia), de fato tem certo poder terapêutico, ao menos para mim; escrevendo aqui, sinto que estou falando para amigos; mas fora a Sophia, ninguém ainda leu esse blog; acho que vou publicar, Sophia.
Embora escrever tem sido ótimo, não tenho a intenção de escrever com brilhantismo, não faço e não farei nada além do que sei. Já estou feliz em saber acentuar a crase (embora ela tenha caído na ridícula reforma ortográfica) e ser um fã incondicional dos parêntesis e do ponto e vírgula - como já se deve ter sido possível perceber há tempos - não escrevo pensando que alguém vá copiar uma frase minha e colocar no Status do msn, como se brilhante o suficiente, fosse.
Para mim, escrever tem sido tão bom quanto ler. Gosto de livros, mas não tenho um gênero definido, aliás, não sigo gênero de nada. Procuro me identificar com cada estória (ou história) que leio. Esse ano li cinco livros e gostei muito de todos. Cada um com uma mensagem, cada escritor com sua personalidade e passando sua mensagem de forma leve. Não vou falar quais são, pois o foco do post deve permanecer em “quem sou eu”.
No âmbito da música, posso dizer que tenho um gosto abrangente, mas não eclético. Não sei por que, mas sempre vi essa palavra como pejorativa, eclético... Soa como alguém que gosta de tudo, mas que não gosta de nada, sabe? Aquele que não lê uma letra de música e fica boquiaberto com a genialidade do autor, ou aquele que ouve Bach como se estivesse ouvindo Ivete Sangalo (como eu odeio!), e ainda tem a pachorra de dizer que “é legalzinho!” enfim.
Sou aquele que ouve de Elis Regina a Amy Whinehouse (passando bem de longe por Lady Gaga e afins), sou aquele que ouve de Chico Buarque a Green Day (passando de longe por Fresno, NX 0 e afins). Concordo com Nietzsche (putz, vou citar uma frase de efeito ¬¬) “a vida sem música seria um erro”.
Sou movido à música, cada situação, uma banda. A fórmula é simples. Triste? Los Hermanos, Beirut, Radiohead e Chico Buarque (não necessariamente nessa mesma ordem).
Aliás abra-se aspas para o Chico Buarque, esse aí eu ouço em qualquer estado de espírito, em qualquer situação, em qualquer lugar. Churrasco ao som de Chico Buarque? To dentro.
Feliz? Não me importo muito, até porque o leque é muito maior, posso ir de Metallica a Capital Inicial (O acústico deles é ótimo, fala a verdade!) e depois colocar um Coldplay (o show é semana que vem \o/), u2...
Eu não sei se já repararam ao longo do blog que sou, também, muito passional, principalmente quando estou a defender uma idéia, sou quase convicto em alguns pontos, embora paradoxalmente acredite que a convicção é uma ignorância. Mas simplesmente acredito que alguns assuntos são óbvios demais para mim.
Nunca cheguei muito a pensar se minhas convicções são algo que venha a me prejudicar, não me importo muito com isso.
Encaro todas as mudanças como algo ruim, sou pragmático e não sou de fácil adaptação a uma nova condição, ou forma de entender a vida. Prefiro a convicção ignorante em alguns aspectos. Não me interessa acertar sempre.
Por falar em adaptação, eu sou realmente péssimo nisso. Conheço pessoas que conseguem rapidamente se adaptar a situações, as admiro por isso. Pois eu, por exemplo, estou a dois anos fazendo faculdade e ainda não me adaptei a determinadas figuras presentes por lá; são as pessoas “The american pie way of life”, a cada dia me incomodo mais, e convivo menos; o que antes chegava a um “falsamente” simpático “boa noite”, hoje não passa daqueles cumprimentos o qual se balança apenas a cabeça para o outro, nem palavras saem mais.
Sinto-me até meio velho, estranho. Nunca me senti tão incomodado com a “maioria” como nos dias atuais. É todo mundo, todo carnaval, verdadeiramente empolgados com as micaretas, aquela correria atrás de um abadá (até o nome me irrita), a preocupação em conseguir um vôo para Porto Seguro para que não possam perder o “melhor” do carnaval.
E balada? Não, obrigado. Prefiro o conforto de um bar Madalenense a ir para a Pacha ver aqueles caras com suas regatas brancas e calça jeans, exibindo sua massa muscular (o que tem de músculos falta de cérebro) para quem deseja ver, e por incrível que pareça, têm pessoas realmente interessadas a ver. Conversar? Só se for sobre a série nova de exercícios da academia e as viagens em que cada um beijou 1512472 mulheres na micareta. Mais do mesmo, sempre.
Rotulei? Aham, assim fica mais fácil separar um dos outros. Numa sociedade onde ninguém faz questão de ser diferente, nada mais lógico. Antes fosse eu uma pessoa que soubesse ignorar, antes fosse.
Sou quem talvez não saiba o que quer, isso não é nada extraordinário. O segredo é saber o que não se quer, e isso eu sei.
Eis o homem.