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domingo, 7 de fevereiro de 2010

Maldita liberdade de expressão!




Calma. Eu explico.

Você com noções básicas do que é música de bom gosto, certamente vai me entender.

Ao longo do tempo, ainda que não tenhamos (infelizmente, no meu caso) vivido as décadas passadas, é sabido que os compositores escreviam não por acreditar que aquela música era comercial, e sim por um ideal (político, na maioria das vezes).
E daí aparece Chico Buarque compondo, Geraldo Vandré com “Pra não dizer que não falei das flores”, e tantos outros que pelo conteúdo de suas composições foram “convidados” a se retirarem do país.

Ideais políticos à parte, mister é notar a qualidade das composições, das metáforas, das colocações exatas que permitem uma interpretação mais detalhada do verdadeiro conteúdo da música; tudo isso nos faz pensar em como os Artistas (com um justo “a” maiúsculo), da época eram indubitavelmente mais voltados ao mais nobre dos sentidos da música: a informação.

Eis um exemplo claro do que estou falando, insira esse trecho no seguinte contexto: vivemos numa ditadura, onde evidentemente você não pode falar o que quer. Seus governantes acham que agora sim as coisas estão boas, as músicas já não podem incomodá-los mais, só um imbecíl não percebe que agora sim a multidão pode “sambar contente”.

Feito isso leia o pequeno trecho da música “Corrente”, do Chico Buarque:

[...]Tem mas é que ser bem cara de tacho
Não ver a multidão sambar contente

Isso me deixa triste e cabisbaixo
Por isso eu fiz um samba bem pra frente

Dizendo realmente o que é que eu acho
Eu acho que o meu samba é uma corrente

E coerentemente assino embaixo
Hoje é preciso refletir um pouco[...]


Fez sentido pra você? E agora?


[...]Hoje é preciso refletir um pouco
E coerentemente assino embaixo

Eu acho que meu samba é uma corrente
Dizendo realmente o que é que eu acho

Por isso eu fiz um samba bem pra frente

Isso me deixa triste e cabisbaixo
Não ver a multidão sambar contente
Tem mas é que ser bem cara de tacho[...]

Note-se que o que supostamente era uma concordância com a atual situação, passa a ser crítica; o cara de tacho já não é mais você e sim os ditadores.

Passam-se os anos, já estamos vivendo a gloriosa liberdade de expressão e são poucos aqueles que se preocupam em escrever algo realmente bem pensado, algo que não rime amor com flor (e dor). Não se vê compositores hoje que sejam verdadeiramente focados em, através da música, levar conhecimento e informar. O que você aprende ouvindo essa barulheira de hoje (não vale falar que aprendeu o que quer dizer “bundalelê”)?

É óbvio que o título do post foi algo irônico, mas interessante de se pensar. Ora, nós temos liberdade para falar! Por que esse silêncio? Tão fazendo pouca merda em Brasília?

Um comentário:

  1. Sabe, eu penso isso desde os 11 anos, ou sei lá... "Por que esse silêncio?"
    Acontece que nunca criei nada para mudar isso, então deduzi que minha indignação seria infundamentada! hahaha
    Acho que boa parte das minhas crises são por isso, queria ser boa em algo desse tipo, droga!
    hunf

    Sophia (por favor,David, não me mate)

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