
Sentado de frente a uma mulher a qual não conseguia ver o rosto, ainda que próxima, tentei por alguns minutos me lembrar de onde a conhecia, mas não houve jeito que me fizesse lembrar.
Mas pela autoridade em suas palavras, ela me conhecia muitíssimo bem.
A conversa era daquelas empolgantes, daquelas que só eu sei como são raras. Dos amigos que tenho, apenas dois (um casal de amigos) me proporcionam uma conversa verdadeiramente interessante. Conversar com aquela mulher, que nunca tinha visto na vida, sobre questões tão interessantes era demais, o fato de não conhecê-la tornava toda aquela situação intrigante.
Interessante também é como venho percebendo que existem duas ou três pessoas que forjam essas tais conversas comigo; digo forjar, pois em menos de cinco minutos fica nítida toda a superficialidade do conhecimento posto da boca pra fora de alguém que leu sobre determinado assunto no Wikipédia apenas para parecer mais “interessante”, e não só pra mim, mas para qualquer um que esteja disposto ao “desafio cognitivo” que tanto gosto.
Ateísmo, Política, Música (boa), Literatura... Ela falava com autoridade. Gosto de sentir minha inteligência sendo desafiada, estimulada. Raras são as pessoas que me proporcionam isso. Falta tempo e ânimo para conhecer pessoas.
Comecei a achar aquilo estranho. Eu num lugar que não conhecia, tomando café com alguém que jamais vi na vida... alguma coisa estava errada.
Olhei para minhas mãos e tive a desagradável surpresa; uma delas aparecia e desaparecia, piscava. Nunca me senti tão estranho.
Notei onde estava. E enquanto aquela mulher me falava da importância de “desbanalizar o banal” falei pra ela onde estávamos, ao passo que ela deu um sorriso, não se mostrando nem um pouco surpresa com a “estranha” notícia.
Pela primeira vez estava tendo um Sonho Lúcido.
Não sei como consegui lembrar o truque de olhar para as mãos, mas realmente dá certo!
Depois de ter notado que aquilo era sonho, a tal mulher passou a dizer coisas completamente desconexas, e não por menos; minha cabeça estava ocupada tentando entender aquele “universo paralelo”.
Acordei e cá estou; tentando até agora entender tudo isso. É uma experiência rara a qual só havia lido pouca coisa na internet e (claro) conversado com Sophia, que alega já ter vivido, também, um Sonho Lúcido.
O grande barato disso tudo foi a mulher ter falado de um assunto que eu nem me lembrava de ter lido e ouvido a respeito (“desbanalização do banal”), é como minha mente trouxesse intencionalmente algo que eu estava precisando me lembrar.
Vale o registro.