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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Mãos atadas



Ao estendermos a mão a alguém, para tirá-la de onde for, seja de um palco, seja de um buraco, corremos o risco de ir junto, cabe aí o bom senso e a capacidade de discernimento correta para saber se vale a pena ou não realizar o gesto de estender a mão a quem pede.

No seu caso, Sophia, tenho prazer em lhe ajudar, o gesto vale a pena, você vale a pena! Nem que, ao lhe estender a mão, eu caia nesse poço junto com você.

Só me dei conta realmente do quanto acho você especial, quando li sua mensagem, hoje pela manhã. Fiquei (e ainda estou) um pouco preocupado, foi um pedido que mexeu comigo; e o sentimento é de pesar, a final, estamos tão distantes... “Mãos atadas” é pouco para descrever o que sinto.

Temos tido longos intervalos entre uma conversa e outra, mas quando conversamos é como se esses espaços fossem aqueles curtos de outrora. Como faz bem conversar com você!

Saiba que tem grande valor, Sophia. É tão notório que sinto ser repetitivo, mesmo dizendo algo que acredito nunca ter dito; pois certamente não sou o primeiro, muito menos o último.

Fique bem, e no que precisar, sabe como me encontrar.

Ele finalmente resolveu viver, tia.




(aqui cabe um parêntesis: digitei este texto à aproximadamente, quinze dias atrás)

Bom, tenho me ausentado um pouco de você, blog.

Por uma simples razão. A inspiração só me vem aos dias em que me encontro consternado.

Está sendo maravilhoso vivenciar tudo que vivenciei nesses últimos 20 dias. Um renascimento, sem dúvidas. Não estou aumentando as coisas, definitivamente; só daqui de cima é que eu consigo ver o quão pra baixo eu estava.

Estou conseguindo passar esse novo velho Eu para todos, que ótimo!

Mas diferente daquele estado que eu considerava o meu normal (sim, considerAVA), onde eu conseguia falar o que sentia (algumas vezes faltando clareza, é verdade), hoje as pessoas simplesmente percebem. Me vêem e detectam a diferença. Gestos, atitudes, forma de falar e até as músicas mudaram - evidentemente que Radiohead e Pink Floyd jamais sairão das minhas playlist’s, mas é que agora eu estou tão a fim de permanecer “aqui”, que ouvi-los passa a ser algo temeroso – pouco ou quase nada preciso dizer, está nítido.

Aqui cabe uma historinha que justifica o título do post.

Ontem, completamente cansado, eu ainda dormia quando o relógio apontava para às 14 ou 15 horas.

O final de semana foi super agitado e divertido. Mas esse tipo de cansaço minha mãe não tolera. Ela acredita que ninguém tem o direito de dizer que está cansado depois de uma noite de bar, balada, etc.

Sendo dessa forma, confesso que ela esperou muito até começar a esmurrar a porta do meu quarto. Ocorre que antes dos socos e tapas na porta eu já estava acordado ouvindo aproximadamente umas 10 pessoas conversando ao mesmo tempo na sala de estar. Domingo era dia de família reunida, mas bem que podia não ser na minha casa não é?

Sem dar muitas voltas (estou com fome e preguiça de escrever), após ouvir um comentário da minha mãe acerca do fato de eu estar dormindo até àquela hora, ouvi algo do meu primo que me deixou com um sorriso no canto dos lábios:

- A Sra. devia estar se sentindo feliz, tia; ele finalmente resolveu viver.

Talvez o silêncio que se seguiu tenha dito mais do que se ela tivesse resolvido responder.

Meu primo tem razão.